Acompanhe um panorama sobre o Brexit e seus impactos sobre o comércio internacional, em especial sobre as operações de comércio exterior brasileiras.
Desde 2016, o cenário político no Reino Unido tem sido marcado por uma intensa disputa política em torno da saída ou permanência do país na União Europeia. Naquele mesmo ano, a proposta passou por um referendo, em que os ingleses, em uma maioria apertada, optaram pela saída.
O processo eleitoral foi cercado de polêmicas, com os grupos contra o Brexit apresentando acusações graves contra a campanha organizada a favor da proposta. Segundo apuração conduzida no âmbito do próprio parlamento britânico, lideranças a favor do Brexit teriam organizado uma rede fake News para influenciar o voto dos cidadãos ingleses, distribuindo conteúdo de caráter xenofóbico e ilações.
Todo esse impasse se arrastou por anos, provocando grandes atrasos na efetivação da saída do Reino Unido do bloco europeu e, até mesmo, a demissão da ex primeira-ministra Theresa May, que não se viu em condições de liderar o país em um cenário de profundas disputas e incertezas. O processo eleitoral que se seguiu para a escolha de novos representantes para o parlamento deu a vitória para o Partido Conservador que, por sua vez, escolheu Boris Johnson para ocupar a cadeira de primeiro-ministro.
O resultado das urnas foi interpretado como uma espécie de resposta para a indefinição que prevalecia no cenário. Por anos o parlamento britânico, puxado por lideranças do Partido Trabalhista, se recusou a efetivar um acordo de retirada que sacramentaria a saída do Reino Unido da União Europeia em função dos possíveis impactos econômicos e políticos da medida.
Ao mesmo tempo, essa posição contrariava a resolução do referendo de 2016. Com a ascensão de Boris Johnson, líder conservador pró-Brexit, que obteve maioria no parlamento, foi aberto o caminho para o país, enfim, deixar o bloco europeu.
Neste artigo, vamos trazer uma espécie de atualização sobre o Brexit, indicando quais foram as últimas resoluções aprovadas no parlamento inglês. Além disso, vamos detalhar quais foram os principais impactos sobre o comércio interior. Acompanhe.
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Em março de 2017 a Inglaterra comunicou oficialmente o Parlamento Europeu sua decisão de deixar a União Europeia. Segundo consta no tratado de Lisboa, a partir da comunicação da saída, devem ser contados dois anos até a efetivação da separação. O prazo final, portanto, seria março de 2019, prazo esse que não foi respeitado.
O parlamento inglês aprovou uma lei determinando que o país não poderia deixar a União Europeia sem um acordo oficial de retirada, o que levou o primeiro-ministro Boris Johnson a solicitar uma revogação do prazo.
No dia 31 de janeiro deste ano, depois de muitas negociações, o Reino Unido, enfim, oficializou seu divórcio do bloco europeu.
Os impactos do Brexit no comércio exterior
Apenas alguns meses se passaram desde a oficialização do Brexit e ainda restam muitas indefinições a respeito de como se darão as relações de comércio exterior do país com o bloco. O fato é que, se antes a regulação do comércio internacional entre Londres e Bruxelas (sede do Parlamento Europeu) se dava sob a égide do livre comércio, o cenário a partir de agora será bastante diferente.
Passam a valer as regras estabelecidas pela Organização Mundial do Comércio – OMC, que prevê tarifas aduaneiras bem menos amigáveis para trocas comercias. Isso assusta a muitas empresas britânicas, uma vez que metade do fluxo de importações do país advém do bloco, com destaque para os setores automotivo, farmacêutico e alimentício.
A expectativa é que o Reino Unido repactue os mais de 40 acordos que mantém com integrantes do bloco para chegar a termos mais amigáveis para ambos os países. Além disso, o país pretende estreitar laços para com Estados Unidos, Brasil, Nova Zelândia, Austrália e Japão para reparar possíveis perdas que possa vir a sofrer por ter deixado a zona de livre comércio na Europa.
O Brexit e o Brasil
Desde o anúncio do Brexit, o governo brasileiro vem tentando dimensionar os impactos da medida para o comércio internacional que mantém com a Inglaterra. Em 2019, a embaixada brasileira no país criou um grupo de trabalho para identificar riscos e oportunidades com a mudança.
A missão diplomática no país, em conjunto com o Ministério das Relações Exteriores, criou o Brazil Brexit Watch (BBW), plataforma que reúne informações sobre o Brexit e avaliações de possíveis impactos no setor privado brasileiro, em particular, sobre as empresas exportadoras.
Nesse trabalho, mais de 2.000 empresas foram consultadas para dar sua opinião sobre como elas seriam afetadas pela mudança e de que maneira o governo brasileiro poderia atuar para minimizar prejuízos e fomentar novos negócios.
Para termos apenas um panorama sobre o fluxo de trocas comercias entre os dois países, em 2018, o Brasil exportou cerca de US$ 3 bilhões em bens para aquele mercado (17º principal destino das exportações brasileiras). Em 2019, as exportações brasileiras para o Reino Unido totalizaram US$ 2,8 bilhões (12º principal destino).
Segundo informa a plataforma BBW, o fluxo de comércio exterior entre os dois países é superavitário para o Brasil há mais de 10 anos.
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